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Núcleo Psol UFMG
Núcleo do Partido Socialismo e Liberdade - UFMG
quarta-feira, 29 de maio de 2013
terça-feira, 30 de abril de 2013
O humanismo revolucionário de Rosa Luxemburgo
O humanismo revolucionário de Rosa Luxemburgo
Sem liberdades democráticas é impossível a práxis
revolucionária das massas, a autoeducação popular pela experiência prática, a
autoemancipação revolucionária dos oprimidos e o próprio exercício do poder
pela classe trabalhadora
por Michael Löwy
Durante anos, as únicas obras de Rosa Luxemburgo conhecidas
no Brasil foram as editadas por alguns pioneiros como Mario Pedrosa – o ensaio
sobre a Revolução Russa (em 1946) – ou Lívio Xavier: Reforma ou revolução (em
1955). Graças a Isabel Loureiro e à Editora Unesp, pela primeira vez existe no
Brasil uma edição em três volumes dos principais escritos da revolucionária
judia-polonesa-alemã e de sua correspondência, traduzidos de suas línguas
originais.1 Por que esse atraso? Tem a ver, sem dúvida, com o peso que teve o
stalinismo na história da esquerda brasileira...
Os volumes estão organizados em ordem cronológica: o
primeiro corresponde ao período que vai de 1899 a 1914. Nesse volume se
encontram textos célebres, como a polêmica contra o “revisionismo” de Eduard
Bernstein – “Reforma social ou revolução?”(1899) –, a crítica do centralismo
leninista – “Questões de organização da social-democracia russa” (1903-1904) –
ou a discussão sobre a greve geral – “Greve de massas, partido e
sindicatos”(1906) –, mas também outros menos conhecidos, sobre “A Igreja e o
socialismo”, que seguramente vai interessar aos leitores brasileiros, ou sobre
o direito de voto das mulheres. O “corte” histórico é, evidentemente, o 4 de
agosto de 1914: a adesão da social-democracia à Primeira Guerra Mundial. O
segundo vai de 1914 a
1919, isto é, desde os primeiros textos contra a guerra imperialista até o
assassinato de Rosa Luxemburgo pelos paramilitares (Freikorps) levados a Berlim
pelo ministro social-democrata Gustav Noske para esmagar a insurreição de
janeiro de 1919. Figuram nesse volume: a famosa “Brochura de Junius” – “A crise
da social-democracia”(1916) –, texto fundamental na história do pensamento
marxista, que avança a perspectiva de uma história aberta, ainda a ser
decidida: socialismo ou barbárie; o manuscrito sobre “A Revolução Russa”, de
1918; os últimos escritos em torno da Revolução Alemã, defendendo as posições
da Liga Spartakus e do recém-fundado Partido Comunista Alemão (1918-1919). O
terceiro volume contém uma seleção da correspondência, diretamente traduzida do
alemão e do polonês, dando prioridade às cartas de caráter pessoal, dirigidas a
seus amantes (Leo Jogiches, Costia Zetkin, Hans Diefenbach, Paul Levi) e suas
amigas (Sophie Liebknecht, Luise Kautsky, Mathilde Wurm). Só ficaram faltando
os escritos econômicos, a “Introdução à economia política”e a “Acumulação do
capital”, que, por seu volume, necessitam uma publicação separada.
Se fosse necessário escolher um traço distintivo da vida e
do pensamento de Rosa Luxemburgo, acho que se deveria privilegiar seu humanismo
revolucionário. Seja em sua crítica implacável do capitalismo como sistema
desumano, em seu combate contra o militarismo, o colonialismo e o imperialismo,
ou em sua visão de uma sociedade emancipada, sua utopia de um mundo sem
exploração, sem alienação e sem fronteiras, esse humanismo socialista atravessa
como um fio vermelho o conjunto de seus escritos políticos – mas também de sua
correspondência, suas comoventes cartas de prisão, que foram lidas e relidas por
sucessivas gerações de jovens militantes do movimento operário (entre os quais
também minha mãe, que trouxe um exemplar desse livro quando emigrou de Viena
para o Brasil em 1934).
Talvez o documento no qual o humanismo revolucionário de
Rosa Luxemburgo se manifesta da forma mais impressionante seja o ensaio sobre a
Revolução Russa, escrito na cadeia em 1918. Seu teor é conhecido: por um lado,
o apoio aos bolcheviques, que, com Lenin e Trotsky à cabeça, salvaram a honra
do socialismo internacional, ousando a Revolução de Outubro; por outro lado,
uma profunda crítica à supressão, pelos mesmos bolcheviques, das liberdades
democráticas – liberdade de imprensa, de associação e de reunião –, que são
precisamente a garantia da atividade política das massas operárias; sem elas é
impensável a dominação das grandes massas populares. As tarefas gigantescas da
transição ao socialismo – “que os bolcheviques enfrentaram com coragem e
resolução” – não podem ser realizadas sem “uma intensiva formação política das
massas e acúmulo de experiências”, impossíveis sem liberdades democráticas. A
construção de uma nova sociedade é uma “terra nova” que suscita “mil
problemas”; ora, “só a experiência é capaz de corrigir e de abrir novos
caminhos”. O socialismo é um produto histórico “nascido da própria escola da
experiência”: o conjunto das massas populares deve participar dessa
experiência, de outro modo “o socialismo é decretado, outorgado, por uma dúzia
de intelectuais fechados num gabinete”. Para os inevitáveis erros do processo,
o único corretivo, “o único sol que cura e purifica”, é “a própria revolução e
seu princípio renovador – a vida intelectual, a atividade e a
autorresponsabilidade das massas que ela suscita, portanto a mais ampla
liberdade política”. Em outras palavras: sem liberdades democráticas é
impossível a práxis revolucionária das massas, a autoeducação popular pela
experiência prática, a autoemancipação revolucionária dos oprimidos e o próprio
exercício do poder pela classe trabalhadora.
O capítulo sobre democracia desse documento de Rosa
Luxemburgo é um dos textos mais importantes do marxismo, do comunismo, da
teoria crítica e do pensamento revolucionário do século XX. É difícil imaginar
uma refundação do socialismo no século XXI que não leve em conta os argumentos
desenvolvidos nessas páginas febris.
Michael Löwy é sociólogo e diretor de pesquisa em sociologia
do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) de Paris. Autor do La Pensée de Che Guevara
(Paris, Syllepse, 1997) e co-autor, com Olivier Besancenot, de Che Guevara: une
braise qui brùle encore (Paris, Mille et une nuits, 2007)
Ilustração: Manohead
1Isabel Loureiro (org.), Rosa Luxemburgo −Textos escolhidos,
Editora Unesp, São Paulo, 2011.
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Marcelo Freixo: a luta por direitos humanos é a essência da nova luta de classes
Confira abaixo trechos da entrevista do deputado estadual e ex-candidato a prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Freixo (Psol), que faz parte da edição 121 de Fórum, em bancas. Na conversa, ele fala sobre o saldo político da sua campanha, rememora sua trajetória de militância e analisa a atuação do Estado na área da Segurança Pública.
Por Glauco Faria e Igor Carvalho. Fotos de Guilherme Perez
Fórum – Como o senhor vê a formação da Rede Sustentabilidade, da Marina Silva?
Freixo – A minha relação com a Marina é pequena, nos conhecemos pouco, mas tenho muito respeito pela história dela, belíssima, é uma pessoa importante para a política e acho que tem espaço para um partido que propõe o que a Rede propõe. Não é o que proponho, particularmente não gosto, não me encaixo nesse negócio de dizer que não sou nem de direita, nem de esquerda; nem situação, nem oposição, mas isso não quer dizer que o partido não tenha espaço. O nosso inimigo político não é a Rede.
Freixo – No debate das cidades, por exemplo, quero gastar energia para enfrentar o que o PMDB representa hoje no Brasil, não com a Rede. Posso não concordar, mas enquanto projeto de país, projeto político, quero enfrentar a lógica do PMDB expressa por figuras como Henrique Alves, Renan Calheiros, e tantos e tantos outros, como Sérgio Cabral e Eduardo Paes. Enfrentar a Rede não faz sentido para a vida real das pessoas e para as bandeiras que a gente sempre defendeu. Enfim, acho que a Rede é bem-vinda, tenho grandes amigos que são simpatizantes, como o Luiz Eduardo Soares, que fez minha campanha. Imagina se eu vou brigar com ele…
O problema que vejo na Rede é que a única coisa que liga todas essas pessoas é a candidatura da Marina, uma candidatura que não será igual ao que foi em 2010, mas que é interessante porque traz temas importantes. Nesse sentido, acho perigoso um projeto nacional partidário que só tenha como liga uma pessoa, uma figura e uma candidatura. Isso não me agrada, mas é por isso que estou no Psol, que é difícil, tem seus próprios problemas – que não são pequenos –, mas tem a possibilidade de um programa.
sábado, 13 de abril de 2013
Manifesto do Setorial Nacional de saúde do PSOL
Saúde não se vende, louco não se prende: quem tá doente é o sistema social!
1986. Março. Brasília. Mais de 4.000 pessoas, representando todos os segmentos da área de saúde no Brasil (trabalhadores, gestores, usuários e estudantes), se reúnem para a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde. Entre as duas deliberações, a necessidade de haver um sistema de saúde com acesso universal e gratuito (com a estatização dos serviços de saúde) e a análise de que só seria possível ter saúde no Brasil com a realização da reforma agrária, com o não-pagamento da dívida pública e com a estatização da indústria farmacêutica, entre outras medidas.
A Conferência, que pela primeira vez contava com ampla participação popular, era fruto de um movimento que havia se intensificado anos antes, chamado de reforma sanitária. Este movimento compreendeu a saúde como um direito humano fundamental, por isso a necessidade dele ser acessível a todos e todas e garantido pelo Estado. Mais que isso, compreendeu a saúde como algo coletivo e social. As ações de saúde, portanto, deveriam ir muito além da simples receita de um remédio e, a partir de instâncias do que ficou conhecido como controle social, deveriam ser fiscalizadas e definidas por Conselhos onde trabalhadores e usuários seriam maioria. No movimento da reforma sanitária, a luta pela saúde era a luta por outro projeto de sociedade, expresso no lema “saúde, democracia e socialismo”.
O que se passou depois da 8ª Conferência é razoavelmente conhecido: várias de suas propostas (mas nem todas) viraram lei na Constituição Federal de 1988 e na Lei Orgânica da Saúde de 1990 e, mesmo assim, não foram implementadas. De 1990 pra cá, os sucessivos governos, em âmbito federal, estadual e municipal, com raras exceções, não ousaram implementar o SUS e, na maior parte das vezes, incentivaram a privatização do Sistema Único de Saúde. Para isso, buscaram cooptar o controle social e, quando não conseguiram, ignoraram as deliberações das Conferências conforme seus interesses privatistas.
1986. Março. Brasília. Mais de 4.000 pessoas, representando todos os segmentos da área de saúde no Brasil (trabalhadores, gestores, usuários e estudantes), se reúnem para a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde. Entre as duas deliberações, a necessidade de haver um sistema de saúde com acesso universal e gratuito (com a estatização dos serviços de saúde) e a análise de que só seria possível ter saúde no Brasil com a realização da reforma agrária, com o não-pagamento da dívida pública e com a estatização da indústria farmacêutica, entre outras medidas.
A Conferência, que pela primeira vez contava com ampla participação popular, era fruto de um movimento que havia se intensificado anos antes, chamado de reforma sanitária. Este movimento compreendeu a saúde como um direito humano fundamental, por isso a necessidade dele ser acessível a todos e todas e garantido pelo Estado. Mais que isso, compreendeu a saúde como algo coletivo e social. As ações de saúde, portanto, deveriam ir muito além da simples receita de um remédio e, a partir de instâncias do que ficou conhecido como controle social, deveriam ser fiscalizadas e definidas por Conselhos onde trabalhadores e usuários seriam maioria. No movimento da reforma sanitária, a luta pela saúde era a luta por outro projeto de sociedade, expresso no lema “saúde, democracia e socialismo”.
O que se passou depois da 8ª Conferência é razoavelmente conhecido: várias de suas propostas (mas nem todas) viraram lei na Constituição Federal de 1988 e na Lei Orgânica da Saúde de 1990 e, mesmo assim, não foram implementadas. De 1990 pra cá, os sucessivos governos, em âmbito federal, estadual e municipal, com raras exceções, não ousaram implementar o SUS e, na maior parte das vezes, incentivaram a privatização do Sistema Único de Saúde. Para isso, buscaram cooptar o controle social e, quando não conseguiram, ignoraram as deliberações das Conferências conforme seus interesses privatistas.
Por que nós, socialistas, temos que ser contra a redução da maioridade penal?
Por que nós, socialistas, temos que ser contra a redução da maioridade penal?
Por Givanildo Manoel
“Ivan Karamazov diz que, acima de tudo o mais, a morte de uma criança lhe dá ganas de devolver ao universo o seu bilhete de entrada. Mas ele não o faz. Ele continua a lutar e a amar; ele continua a continuar.”
Marshall Berman
Em 1993, apenas três anos após a aprovação do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) -, foi apresentada uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) com o sugestivo número 171, que propunha a redução da idade para responsabilidade penal. Depois dessa, em quase todos os anos (1995,96,97,99,2000,01,02,03,04,05,07,08,09,11,12) foram apresentados PECs e PLs (Projetos de Lei) com igual ou pior teor. Foram aproximadamente 30 propostas em 23 anos de ECA.
Infelizmente, os sucessivos debates em torno da redução da idade para a responsabilidade penal nunca apontaram no sentido de aprimorar a lei, mas no sentido de desqualificá-la. Cabe, então, questionar por que um estatuto da importância do ECA já sofria tantos ataques 3 anos após a sua aprovação, pois esse questionamento é fundamental para que a esquerda combativa possa fazer a defesa dos princípios do ECA.
quarta-feira, 3 de abril de 2013
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