Por Tomás Pimenta
Ao  pensar sobre o tipo de conteúdo que devemos explorar neste blog,  surgiram dois pontos essenciais: arte e cultura. Estes temas, que foram  objeto de discussão de vários intelectuais marxistas, estão ausentes  neste espaço. Acreditamos que essa página, como braço de uma organização  política, tem o dever de divulgar e fomentar a produção artística em  todas as suas formas. Talvez inspirado pela leitura recente do manifesto  de Leon Trotski e André Breton “Por uma Arte Revolucionária  Independente”, escrito em 1938, dou o primeiro passo nessa direção.
O Movimento da Contradição
 “O ato de resistência possui duas faces.
Ele é humano e é também um ato artístico.
Somente o ato de resistência resiste à morte,
seja sob a forma de uma obra de arte,
seja sob a forma de uma luta dos homens”
A  citação acima de Gilles Deleuze compõe o encarte do CD “Cidade das  Almas Adormecidas” da banda El Efecto, grupo carioca formado no início  da década passada, que se propõe a discutir as contradições da sociedade  e ainda consegue combinar essas discussões com uma forma muito lúcida  de compor e arranjar. Já lançaram, até então, dois álbuns. O primeiro em  2004, chamado “Como qualquer outra coisa” e o segundo citado acima,  lançado em 2007. 
Meu  primeiro contato com a banda aconteceu no início de 2010. Confesso que a  princípio tive certa resistência com a sonoridade, mas ao explorar  melhor os discos, consegui me sensibilizar. Na última quinta-feira  (17/02) eles se apresentaram pela quarta vez em BH e pude ter uma boa  troca de idéias com o letrista, baterista, vocalista e meu homônimo  Tomás. Este encontro, de alguma forma, me inspirou a escrever esse  artigo.
As  letras, espontaneamente agressivas e viscerais, tratam de um  estranhamento em relação ao mundo que se expressa de várias formas. A  música “Necessidades Básicas” trata da justiça social. “Conforme a  música” critica a alienação. “3 pratos de trigo para 30 tigres tristes”  discute o egoísmo. Por fim, "Terra da Fantasia" denuncia a  espetacularização da sociedade, em um determinado estágio de  desenvolvimento econômico no qual, segundo Guy Debord, as relações  sociais passam a ser midiatizadas por imagens e a vida, como espetáculo,  torna-se a principal relação social.  Sem fazer juízo de valores, nem  entrar no mérito da discussão a respeito da arte engajada ou  revolucionária, acredito que a forma que essa temática é incorporada à  sonoridade da banda é harmônica e brilhante. 
Combinada  com as letras está uma música também muito original. Principalmente na  estrutura, que normalmente é pouco sofisticada em bandas com vocal.  Neste aspecto eles conseguem, de fato, se diferenciar. As músicas são  longas e compostar por partes cantadas e não cantadas. Além do mais,  comportam uma série de convenções típicas da música instrumental. Até na  questão harmônica, também pouco explorada por bandas de rock/metal,  eles são especiais. E chegam a lugares inacreditáveis como na canção  “Cidade das Almas Adormecidas”.
Esses  e outros elementos mais do que justificam um espaço dedicado a essa  banda. Abaixo disponibilizo os links dos vários pontos citados em meu  comentário e lembro que os CDs e vários textos estão disponíveis no site  da banda. Para finalizar, deixo a indicação de uma música nova, chamada  “Ciranda”, que tem uma forte identificação com Minas Gerais e foi  dedicada, no último show em BH, à luta pela reforma agrária. 
http://www.culturabrasil.pro.br/poruma.htm - O manifesto “Por uma Arte Revolucionária Independente” 
http://www.elefecto.com.br/ - Site da banda El Efecto
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/socespetaculo.html - A obra “A Sociedade do Espetáculo” de Guy Debord

Massa demais, Tomás. Conheço os caras desde 2008 e admiro muito o trampo deles. São caras que fazem a junção música-política (sendo diretos) de uma maneira que me agrade demais da conta.
ResponderExcluir"LÁ de SIma e até o SOL vai sentir DÓ# de MIm".
(Téo vai às compras)