Nós, militantes do Partido Socialismo e Liberdade, nos defrontamos hoje com o desafio de construir, não só um novo partido, mas uma nova política. Uma política que desarticule os fisiologismos, as armadilhas da fetichização dos aparatos burocráticos, os autoritarismos e tudo mais que caracteriza o funcionamento das tradicionais instituições políticas do capitalismo. Não é tarefa simples. Por isso, é preciso arriscar, experimentar, pois a novidade como ato de liberdade só pode nascer da ousadia. É por conhecer a necessidade de ousar que nasce o PSOL.
Um partido que tem como eixo central de seu programa a construção do socialismo com democracia precisa cumprir seu papel de formação de militantes para implementá-lo. A organização por setores específicos permite que as particularidades em que se vêem imersos muitos filiados se articule com a visão global que tem o partido, superando assim a atomização inerente ao capitalismo e o idealismo das análises sem prática revolucionária. Embora o capitalismo tenha como centro estrutural a luta entre capital e trabalho, a dominação e exploração de uma classe por outra se organiza por meio de uma série de mediações. Vistas de forma desarticulada, estas obstruem a visão do essencial. Desconsideradas em sua especificidade, desarmam a luta revolucionária dos trabalhadores. Os setoriais constituem canais de ligação no interior do partido entre algumas importantes mediações e a luta revolucionária global. A verdadeira emancipação passa por todas estas instâncias e o partido precisa estar preparado para enfrentá-las todas em conjunto.
O PSOL já tem definidos em seu programa eixos em torno dos quais se constituem os setoriais ou possuem potencial para isto, como:
Democratização dos meios de comunicação;
Preservação do meio ambiente;
Combate ao racismo e contra a opressão dos negros;
Em defesa do direito das mulheres e pela sua emancipação;
Em defesa da luta da juventude;
Em defesa das minorias nacionais;
Pela livre expressão sexual;
Entre outros.
Entretanto, são estruturas que necessitam ser fortalecidas. Hoje, basicamente, há uma hipertrofia das instâncias dirigentes e mandatos, em comparação à participação dos demais filiados e militantes na construção do partido. São estruturas necessárias, mas excludentes, se não estiverem ligadas a outras formas mais amplas de abertura para a construção da política partidária. Congressos e conferências aparecem como momentos pontuais na vida partidária e muitos poucos núcleos conseguem organizar um número significativo de militantes. É preciso fazer com que haja maior retroalimentação entre o que se passa nas instâncias do PSOL e na atuação de seus militantes. É preciso superar o representativismo da velha política, abrindo canais efetivos de construção do socialismo com democracia.
Defendemos que, para que os setoriais possam cumprir o seu papel, é preciso que amadureçam de forma conjunta a compreensão sobre sua natureza, suas funções, seus limites, seus papéis, seu funcionamento e seu cotidiano. É necessário articular-se, fortalecer-se, legitimar-se e reconhecer-se. Tudo isso só será possível com a ousadia fundamental das instâncias do PSOL de acreditarem na política de setoriais.
O setorial de comunicação e cultura se organiza hoje nacionalmente e é fruto do esforço de nossos militantes com apoio pontual das nossas direções. Funcionamos há mais de um ano e meio, com altos e baixos, sem desistir e com resultados bastante positivos. Entretanto, é preciso dar um salto qualitativo e desenvolver nossos potenciais ainda represados.
É por essas e outras que solicitamos para o ano de 2011 a organização de um encontro nacional de setoriais do PSOL.
Setorial de Comunicação e Cultura do PSOL
Março de 2011
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