por Heródoto Barbeiro
William Stanley Jevons foi um economista inglês
que viveu no Século XIX. Ele observou que a maior eficiência das
máquinas à vapor não diminuía o consumo de carvão. Aumentava. Com
motores mais eficientes aumentou o emprego dessas máquinas na indústria e
no transporte e com isso era necessário produzir muito mais carvão. A
poluição aumentou e as cidades ficaram cinzas. A expressão “paradoxo de
Jevons” passou a se referir a qualquer situação em que melhorias de
eficiência levavam a mais consumo e não a menos. Se o paradoxo for
aplicado ao avanço das comunicações via internet, chega-se a conclusão
que com o uso do e-mail, Skipe, Twitter ou Facebook, se gasta muito mais
tempo transmitindo informações. Teoricamente essas ferramentas
economizariam tempo, mas sua eficiência nos faz mandar muito mais
mensagens do que na época do telégrafo, telex, carta, ou sinal de
fumaça.
Outro exemplo cruel é o contado por Glaeser no livro Os Centros Urbanos ( Ed.Campus). O economista faz um cálculo de quanto aumenta o consumo de gasolina com carros
eficientes, que andam muito mais com menos combustível. O uso de 1
litro de gasolina produz aproximadamente 2,6 kg de dióxido de carbono, o
vilão do aquecimento global. Da minha casa até a Record News tem 3
kilômetros e o meu carro faz 9 km por litro de gasolina. Com um carro
tão eficiente e confortável, considerando idas e vinda a minha reserva
ambiental na Grande São Paulo, gasto 80 litros de gasolina por mês.
Logo produzo 2,080 kg de poluição. Sou um dos 7 milhões de motoristas
que se engalfinham nos engarrafamentos de trânsito que chegam a mais de
200 km sob qualquer pretexto. De uma chuva de verão a uma véspera de
feriado. Ou por motivo nenhum.
O paradoxo de Jevons põe em cheque uma boa parte das ações de
sustentabilidade das empresas. Muitas apoiam sua contribuição para o
consumo sustentável com aumento de eficiência. Mas isto não que dizer
que, necessariamente, estão economizando energia ou matéria-prima. Em
alguns casos, aumentam o consumo. É verdade que calibram um olho na
economia que fazem nos insumos. A eficiência dos bebedouros em uma
fábrica pode incentivar a corporação a instalar muitos outros e com isso
aumentar o consumo de água. Por isso é preciso avaliar corretamente se a
eficiência alcançada se traduz em diminuição do uso de insumos e se
isto está corretamente explicado nos vistosos relatórios de
sustentabilidade que são distribuídos todos os anos.
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